25 - 12 - Natal do Senhor

Dia 25 de Dezembro é um dia mais que especial, pois comemoramos o dia do nascimento do Menino Jesus. E Para narrar esse fato, coloquei um trecho do livro “O Evangelho secreto da Virgem Maria”, de tradução do Pe Santiago Martin, dizendo ser autoria do Evangelista João. Trata-se de um Apócrifo, mas é um livro que me fez amar mais Nossa Senhora e o Menino Jesus, por isso transcrevo-o aqui.

“José era da estirpe de Davi, via-se forçado a ir a Belém, que se encontra ao sul de Jerusalém. De Nazaré, e em meu estado, era uma longa viagem de 1 semana, parecida com aquela que eu havia feito quando estive na casa de Zacarias e Isabel. Corríamos muitos riscos: risco de abrotar, pois meu estado era muito adiantado e a viagem era fatigante, e risco de sofrer atentados e pilhagens, não só por parte de bandidos como também dos zelotes, que em seguida ameaçaram matar aqueles que seguissem as ordens de Augusto, acusando-os de idólatras e colaboracionistas. Riscos dos mais diversos, pois não sabíamos o que poderíamos encontrar em Belém, já que eram muitos em Israel os que tinham sua origem em Davi e, se todos regressassem, não haveriam acomodações no povoado. Sem dúvida teríamos que obedecer. Uma vez mais nos sentíamos como um pé de cana açoitados pelo vento. Olhamo-nos segurando a mão um do outro e com preocupação nos olhos. A criança se movia dentro de mim e não parava de dar golpes, o que contribuía para deixar-me mais nervosa, pois lembrava a iminência de seu nascimento, da fragilidade de seu estado e do meu. Eu estava permanentemente cansada. Era meu primeiro parto e não possuía experiência alguma de como suportar aquele cansaço que se apoderava inteiramente de mim e que me deixava quase inútil nas primeiras horas da tarde.

“Que vamos fazer Maria?”, perguntou meu marido. “Se não formos, teremos muitos problemas com os romanos. Se nos pusermos a caminho teremos que nos arriscar a um ataque dos zelotes e a pormos a ti e a nosso filho em perigo pela dureza da viagem”.

“José”. Respondi sorrindo para tranquilizá-lo, “parece-me que teremos que nos acostumar às surpresas. Já me surpreendi tantas vezes nestes 8 meses, tenho certeza que esta não será a última. Não esqueças do que falamos: somente acreditando em Deus e que Ele está por trás de tudo isso, inclusive do mais incompreensível, estaremos a salvo. Se duvidarmos, se ficarmos nervosos querendo aplicar a todo o custo nosso plano é mais provável que nos equivoquemos...

Não demoramos muitos dias para nos preparar, como não éramos os únicos a viajar, organizaram-se numerosas caravanas em todas as partes do país...

Chegamos a Belém no meio da manhã. Devíamos nos instalar ali e nos preparar para regressar a Nazaré o mais breve possível, o que, no entanto, deveria ocorrer em alguns meses, pois o parto já estava se aproximando e eu não queria viajar com uma criança recém-nascida. Soubemos por outros peregrinos, que a cidade de Davi estava abarrotada de gente. A cidade era pequena e não tinha capacidade para acolher a tantos que se diziam descendentes do grande rei de Israel. De fato, muitos decidiram-se instalar-se em Jerusalém ou em outras aldeias, até que pudessem efetivar a inscrição no registro romano. Mas, nós, acossados como estávamos com a proximidade de parto, não poderíamos nos permitir ao luxo de estar indo e vindo, e José não queria de maneira alguma deixar-me só. Assim não tivemos outro remédio a não ser buscar acomodação em alguma pousada ou casa que se dispusesse a nos acolher.

Terias que ver João, o que passamos em Belém. José não tinha conhecido algum e as cartas de recomendação que Manassés nos dera não nos serviam de nada. Os 2 albergues da aldeia estavam lotados...José estava nervoso. Conduzindo o burrico pela rédea, levava-me de casa em casa pedindo por favor um lugar...Todas as casas estavam cheias, principalmente de familiares. Não é que nos trataram mal. Muitas mulheres se compadeciam de mim e me prometiam ajuda para quando ocorresse o parto, mas ao mesmo tempo me mostravam a casa cheia de gente e incapaz de abrigar mais ninguém.

Por fim, uma senhora, ao ver nossa agonia, falou-nos de algumas grutas que se localizavam na saída da aldeia, no início do grande vale. “Ali”, disse, “somente se abriga o gado, mas é provável que possam encontrar algum lugar para se abrigarem, ao menos por uma noite”. De fato, o tempo havia passado,  e de tanto ir de casa em casa, o dia estava se acabando e as sombras da noite já se faziam sentir. Decidimos experimentar e, perguntando aqui e ali, chegamos às grutas...Não havia ninguém nelas. As ovelhas principal gado do povoado, estavam mais abaixo, no vale, onde se encontram os pastos de inverno. As grutas eram labirintos de mais comprimento do que largura e resolvemos nos acomodar na que estava mais próxima a entrada, em parte qualquer aí, o odor não era tão forte.

...Era uma gruta como tantas outras, servia de abrigo para o gado e se encontrava repleta de excrementos. O Cheiro era insuportável...José entrou nela com a tocha e voltou assegurando-se de que estava vazia. Cansada, limpei como pude um canto e ali estendemos nossas mantas e nos dispusemos a passar a noite. O burrico ficou junto de nós, para nos proporcionar calor e para proteger-nos com seu corpo...

“Não é este o lugar adequado para nascer o Messias”, disse José, “amanhã mesmo vamos nos daqui. Ao preço que for, conseguirei um lugar digno para ti e para Ele. Que tipo de homem sou eu”, concluiu o pobre José, “se não sou capaz de encontrar um lugar decente para o nascimento de meu filho enviado por Deus para salvar o seu povo?”.

“Querido”, respondi, “não fiques nervoso.” “Lembra o que aconteceu com o teu antepassado, o rei Davi, por cuja causa estamos aqui nesta noite. Ele também quis edificar um grande templo ao Senhor e Deus não aceitou. Quem sabe tenha querido dar uma lição. É possível que também a nós e aos demais homens queira ensinar algo com esta humilhação pela qual passamos, porque José, em Jerusalém não existe palácio suficientemente digno para abrigar o Messias...

Na gruta ocorreu um parto, o Menino nasceu, José estava ali ao meu lado, rompendo os costumes. Duas mulheres da aldeia aceitaram acompanhar-me e José teve tempo de avisá-las antes do parto ocorrer. O Menino nasceu como se um raio de luz atravessasse um cristal de forma límpida. Apenas me doeu, e os esforços e as contrações me produziram mais angústia e nervosismo do que danos...O meu filho não viera ao mundo para fazer ninguém sofrer, nem para quebrar nada que estivesse inteiro e sim para redimir a todos e reconstruir aquilo que estava destruído. Meu filho estava ali, nascera, e eu tinha em meus braços. Era mais uma criança, mas ao mesmo tempo única, diferente. Parecia uma luz, mais do que uma luz, era o próprio sol.  

O Sol veio a nós, e nos ilumina em todos os cantos dessa Terra. Neste dia tão sagrado e especial, nascemos de novo, no amor, no carinho, na família, na Igreja, na comunidade. Sejamos repletos de amor e carinho por Jesus, amemos cada vez mais esse Menino que veio para mudanças decisivas em nossa salvação, e que se deu inteiro, todo por nós.

Obrigada Menino Jesus!

 


 

Fontes do Texto:

Santiago Martin. O Evangelho Secreto da Virgem Maria. Editora Mercuryo – Paulus. 1998.

Tempo do Natal: convite a acolher a luz de Cristo - Vatican News

Fonte da Imagem: Google.

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